Aline Ribeiro Peixoto. Nascida em 17 de outubro de 1977. Carioca da gema. Libriana com ascendente em Aquário e lua em Sagitário. Jornalista e produtora cultural. Conheço alguns países da Europa, já morei na Holanda e, recentemente, me apresentei, ao lado do maracatu Baque Mulher, no Festival del Tambor em Havana em Cuba. À primeira vista, tirando o ascendente e a lua, minha vida é um mar de rosas, né? Mas, como aparência (definitivamente) não é ou diz tudo, vamos ao outro lado da moeda: sou negra, bissexual, uso óculos desde os seis anos de idade e nunca pesei o peso “ideal”.

Hoje em dia ouço das pessoas o quanto sou estilosa, que lindas são as armações dos meus óculos, como meus cachos louros (tingidos em casa) são maravilhosos… Elogios que fazem um bem danado mas, tanto para mim como para qualquer uma de nós, só ganham real sentido quando estamos de boa e na boa com nosso eu interior. Sim, sim, todas nós vivemos aqueles dias em que nada parece vestir bem, que aquele pneuzinho (que às vezes nem existe) aponta, como se tivesse crescido enquanto dormíamos. Nada se encaixa (e nem estou falando da TPM). Infelizmente algumas de nós vivemos esse momento diariamente, fruto de uma série de regras, padrões, conceitos que nos são injetados e projetados, possivelmente desde que nascemos. Penso que cabe a nós mesmas, juntas, além de todas e todos que quiserem e puderem ajudar como aliados, virar esse jogo.Nem sempre fui a estilosa, de óculos bacanas e cachos louros descolados. Já fui também a grandona, gordinha, de cabelos longos e quase sempre trançados, que chamavam de Medusa, Maracanã, mas em algum momento, lá atrás, fui deixando esses e outros comentários passarem por mim mas não ficarem.

Com o passar do tempo e ao longo de toda a vida, vamos conhecendo o universo da autoconfiança e do amor próprio a partir do momento que dividimos nossa vida, histórias e experiências com quem realmente quer fazer parte delas. Pessoas que chegam junto porque somos quem somos. Únicas, inéditas em essência e características que ninguém mais tem. Ninguém!
Sou uma pessoa envergonhada desde criança. Embora falante toda vida (possivelmente minha arma infalível contra a timidez) não gostava de usar fantasia em épocas temáticas, não gostava quando me olhavam na rua, escola, lugares públicos… Chamar a atenção me incomodava profundamente. Até que com o tempo fui me encontrando. Passei a fazer as coisas não porque era o esperado mas porque eu queria. Roupas, atividades físicas, fantasias, companhias. Felizmente tive uma criação muito tranquila e livre em relação aos meus desejos e vontades e não sofri qualquer imposição, mas, como o mundo não se restringe à nossa fantástica bolha, claro que crescer podendo se auto (a)firmar e conhecer junto aos seus é de grande valia, mas e o mundo lá fora? Como ele nos recebe e vê?

Na real o mundo lá fora é o ultimo dos universos com o qual precisamos nos preocupar. Importante mesmo é como está o mundo aqui dentro, aí dentro. De você, de mim, de nós. Reconhecer, entender e aceitar quem somos não é missão fácil mas a recompensa embora gradativa é altíssima! É de extrema importância que você se sinta bem sendo quem é. Senhora de si, da sua força, do seu poder. Não porque a pessoa que você ama te diz coisas lindas, não porque você tem um emprego bárbaro que te paga bem, mas porque você conquistou tudo isso e o muito mais que te cerca por ser você, do seu jeito, com sua essência. Temos mulheres maravilhosas, além de nossas mães, irmãs, avós e amigas, que nos inspiram todo o tempo. Rihanna, diva, que aperta o F*d@-se sempre que pode, com suas músicas, atitudes, visual… Daniela Mercury, embaixatriz do amor, respeito e paz. E, pensando em tudo que estamos trocando aqui, lembrei da querida e maravilhosa Tulipa Ruiz, que, na música “Da Menina”, nos inspira demais a sair do casulo, botar a cara na pista e mostrar ao que viemos. “Descobre o peito, pinta a boca e beija o espelho que reflete a silhueta que você acabou de descobrir. Perfuma a nuca. Perfuma o pulso. E sai de salto por aí”. Mesmo se você não é daquelas que curte pintar a boca, perfumar a nuca e o pulso ou sair de salto por aí, deixe o espelho refletir a silhueta que você acabou de descobrir e caia de amores por si. Depois disso, batom, perfume e salto serão complementos e não obrigatórios.
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