No momento em que escrevia esta matéria, a edição N46 da São Paulo Fashion Week de outubro 2018 chegava ao fim. Este ano foi cheio de mudanças para o mundo, para nós mesmas, e até grandes eventos como o SPFW tiveram de se reinventar. Neste post vou trazer um pouco dos cenários futuros que vem se desenhando na moda.
Nesta edição da Semana de Moda de São Paulo o habitual prédio da Bienal ficou para trás, o tema TRAN[SP]POSIÇÃO deu ao evento ares de ocupação, expandiu os horizontes e voltou a falar de sustentabilidade. O Projeto Estufa ficou mais próximo da COMUNIDADE, aliás, tá aí a palavra do futuro. Junto da REINVENÇÃO estamos no caminho da mudança. Claro que ainda temos muito pela frente.

Para dar sentido a esse conceito de comunidade o shopping JK Iguatemi decidiu propor para esta semana de moda uma segunda edição do Iguatemi Talks. Um evento que reúne personalidades nacionais e internacionais dispostas a disseminar conteúdos relevantes sobre sustentabilidade, tendências, comportamento e conteúdos inovadores do setor de moda e varejo.
Nos três dias de evento (de 23 a 25 de outubro) passaram por lá nomes como Christian Louboutin, Camila Coutinho, Eva Chen, Helena Bordon, Maria Prata, Alexandre Birman, Daniela Falcão, Reinaldo Lourenço, Lilian Pacce, Costanza Pascolato, Alexandre Herchcovitch, entre outros.
Interessada em sustentabilidade que sou, me programei para participar do evento na quinta (25/10), principalmente porque vi que o primeiro painel era sobre uma das marcas que mais admiro no momento a Bottletop; que faz bolsas e acessórios de luxo totalmente sustentáveis a partir de materiais reaproveitados, como lacres de latinhas e resíduos de couro; e mediada pela fundadora do Portal Ecoera (https://www.portalecoera.com.br), Chiara Gadaleta.

O resultado foi que saí do primeiro painel inspirada pela jornada sustentável da marca. Cameron Saul, herdeiro da Mulberry, e co-fundador da Bottletop encontrou no Brasil, mais especificamente em nossas favelas, os materiais e os colaboradores. Encontrou “a comunidade” que precisava para atingir uma geração moderna de consumidores de luxo. Para quem achou o conceito incrível, Cameron adiantou, em primeira mão, que já no final do mês que vem tem uma loja da marca abrindo em território nacional. Incrível né?
Do projeto social de grandes proporções a uma estratégia de futuro, o segundo painel foi sobre colaborações criativas e levou para a bancada um trio de experts da moda: Alexandre Herchcovitch, Patrícia Bonaldi e Andrea Ribeiro. Colaborações existem há muito tempo, inclusive na moda, mas as collabs do Brasil com o mundo, apesar de grandiosas já foram muito exploradas. Agora é hora de olhar para o que temos aqui, em terras brasileiras, prezar e valorizar o MADE IN BRAZIL!!!
Como disse Patrícia brilhantemente: “É importante que a moda no Brasil se autoprestige”. O futuro da moda é mais simples do que parece, reside nas alianças entre profissionais de diferentes áreas, sejam eles concorrentes ou não.
A estratégia é a união, afinal de contas, o que são as colaborações sem o aspecto humano?
O painel “cenários futuros” para a Masterclass de Lilian Pacce “Onda Verde” é a tendência sustentável do momento. Lilian abordou o quanto a moda e o consumo no geral passaram a ter um olhar preocupado com a conscientização de quem compra, oferecendo transparência aos consumidores, com movimentos como os famosos “Quem fez minhas roupas” e “Fashion Revolution”.
Para encerrar o terceiro painel do dia tivemos “Streetwear e a Revolução do Sistema”, o movimento que começou nas ruas e virou negócio para Rony Rodrigues da Box1824, agência de pesquisa de tendências em consumo, comportamento e inovação, Cristian Resende fundador da Cartel 011, plataforma de cultura e consumo jovem em São Paulo.

A dupla falou sobre a rapidez da moda street e de como ela está atrelada às redes sociais e ao “status”, além do quanto este conceito levou a banalização das collabs e vem motivando um mercado negro de revenda de produtos de luxo. Para eles o futuro da moda vem dividido em quatro categorias:
Marcas Relax – aquelas realmente focadas no conforto e bem-estar;
Marcas Performance -pensadas para colocar seus compradores em movimento;
Marcas Realistas – ativas em questões sociais e políticas
Marcas Dreamer – aquelas que apostam no escapismo e no visual lúdico.
A tendência agora está em mudar a referência made in U.S.A e passar a olhar para o oriente além, é claro, da criação de conexão com a comunidade criando uma rede de apoio e uma troca constante entre clientes e marcas.
O que aprendi sobre o futuro da moda diz respeito a consumidores mais conscientes e marcas pensadas para este consumidor, engajadas em questões sociais, ambientais e políticas. Trata-se de uma transposição de papéis, onde comunidade e marca atuam juntas para propor uma moda colaborativa e funcional.
Compartilho arquivos do OneDrive com você. Para exibi-los, clique nos links abaixo para ver os 2 vídeos que filmei para esta matéria:
Curtiu a matéria? Conhece alguma marca sustentável? Coloca aqui nos comentários, apresente sua idéia! Dê sua opinião e até o próximo post!